13/12/2021 às 19h24min - Atualizada em 14/12/2021 às 00h00min

Câncer de pâncreas: vilão silencioso precisa de mais atenção

Tumor apresenta alta taxa de mortalidade

SALA DA NOTÍCIA Gabriela Passos
Câncer de pâncreas é de difícil diagnóstico. (Scientific Animations/Creative Commons)
O câncer de pâncreas é ainda uma doença para a qual não há políticas públicas ou definição clara de população a ser rastreada. Isso se dá, em parte, pela dificuldade de ser detectado. Por ser silencioso e pelo perfil agressivo, o diagnóstico tardio é um dos principais fatores para ser um dos tumores com maior taxa de mortalidade. De acordo com o último levantamento do INCA, em 2019, mais de 5 mil brasileiros morreram devido a tumores pancreáticos naquele ano.

Uma pesquisa apresentada este ano dá a dimensão da dificuldade de ser identificado. O estudo da Universidade de Oxford mapeou mais de 20 sintomas ligados ao câncer no pâncreas. Os sinais de alerta vão desde sede crônica, perda de peso, diarreia, até mesmo azia, flatulência, vômito, febre e icterícia (pele amarelada).

A ciência já sabe que de 5% a 10% dos casos estão ligados à hereditariedade. Consumo de álcool exagerado, assim como o tabagismo, a exposição a metais pesados e a obesidade também contribuem para o aparecimento da doença.

No entanto, um dos principais fatores de risco é o diabetes. Um estudo da Mayo Clinic, conduzido nos Estados Unidos, identificou que o descontrole do açúcar no sangue está ligado ao crescimento de tumores no órgão responsável pela produção da insulina.

A pesquisa apontou que por volta de três anos antes de ser detectado o câncer, os pacientes apresentam alterações na glicemia. Outro ponto preocupante: quanto maior o descontrole da glicemia no sangue, maiores são os tumores - 90% são adenocarcinomas, a forma mais agressiva.

Por outro lado, ao ser diagnosticado em fases mais precoces os resultados melhoram muito, principalmente se o paciente tiver a oportunidade de buscar tratamento em centros especializados.

Hoje, embora a quimioterapia ainda seja o tratamento padrão, o avanço da medicina de precisão tem proporcionado diagnóstico e tratamento específicos para cada paciente.  O melhor tipo de medicamento é escolhido de acordo com as alterações nas células do pâncreas. É a chamada oncologia personalizada.

Exames periódicos são indispensáveis, ainda mais se já houver histórico na família ou diabetes. No entanto, a expertise do médico da ponta, que precisa suspeitar da doença, pode ser determinante para um desfecho clínico positivo.

*Gabriela Passos é oncologista do São Lucas Copacabana, especialista em tratamento de câncer gastrointestinal e Membro da Sociedade Europeia de Oncologia Médica.
 


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