05/02/2022 às 11h40min - Atualizada em 05/02/2022 às 11h40min

Advogados críticos à Lava Jato se reúnem com associação de procuradores do Ministério Público Federal

Encontro simbólico aproximou comandos do grupo Prerrogativas e da ANPR.

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Os advogados Ney Strozake, Marco Aurélio de Carvalho e Gabriela Araújo com os procuradores Ubiratan Cazetta e Julio Araujo, em encontro do grupo Prerrogativas e da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). (Foto: Arquivo pessoal)
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As cúpulas da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) e do grupo de advogados Prerrogativas tiveram um encontro em São Paulo nesta quinta-feira (3), selando uma aproximação entre dois setores que estiveram em campos opostos durante a Operação Lava Jato.

Crítica à atuação de membros do MPF (Ministério Público Federal) que integraram a força-tarefa, como o ex-procurador Deltan Dallagnol, a organização de advogados defendeu, na conversa, a necessidade de evitar politização, ativismo e instrumentalização das instituições.

"Apesar de oposições, os dois lados enxergam uma agenda de convergência, que passa pelo fortalecimento e independência do Ministério Público", diz Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas e um dos organizadores do jantar em dezembro que homenageou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o presidente da ANPR, Ubiratan Cazetta, o almoço na quinta girou em torno "do fortalecimento da democracia e de um sistema de Justiça real, sem abusos, sem tentar escolher casos para que sejam usados para este ou aquele fim". Ele qualificou o encontro como a abertura de um "diálogo respeitoso, franco, que saia de polarizações tão marcantes na sociedade".

Carvalho afirma que a reunião, que "um tempo atrás seria impensável", terminou com "o pacto de dialogar mais". De acordo com o representante do grupo anti-lava-jatista, "também não interessa ao Ministério Público ter a imagem comprometida" por ações individuais de seus integrantes.

A ANPR, entidade representativa dos membros do Ministério Público Federal, é responsável, por exemplo, por organizar a votação da categoria que forma a lista tríplice de candidatos ao cargo de procurador-geral da República, geralmente usada pelo presidente da República para a indicação.

O presidente da entidade, que se refere ao Prerrogativas como "um grupo de advogados que verbalizam críticas, apontam problemas da democracia e são interlocutores qualificados", afirma que as duas organizações têm "mais pontos de contato do que divergência", a começar pela defesa da democracia.

"Discutimos problemas gerais do sistema judiciário e questões que envolvem ações de advogados e do Ministério Público. Todos queremos um sistema de Justiça que funcione, cumpra com seu papel de punir os que praticam atos ilícitos e garanta amplo direito de defesa", afirma Cazetta.

"Algumas vezes, fica parecendo uma coisa de grupos inimigos, mas nem o Ministério Público tem problemas com a advocacia nem vice-versa", segue.

"O Prerrogativas tem feito uma análise muito crítica da atuação do Ministério Público, com a Lava Jato, por exemplo, mas não só com a operação. Nossa ideia é discutir onde as críticas realmente ressoam um problema de estrutura do MP e onde há problemas localizados", completa o dirigente da ANPR.

Cazetta estava acompanhado no almoço pelo diretor de comunicação social da associação, procurador Julio José Araujo Junior.

O Prerrogativas foi representado pelos coordenadores Marco Aurélio de Carvalho, Gabriela Araújo, Fabiano Silva dos Santos e Ney Strozake.


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