O mundo está muito rápido e complexo. Estudo do The World Economic Forum (Genebra) informou que 50% do conteúdo adquirido no 1º ano de um curso regular em uma universidade torna-se obsoleto no 4º ano; e que mais de um terço do conjunto de competências essenciais requeridas para a maioria das profissões relevantes será composto por competências que ainda não são consideradas fundamentais.
A velocidade com que as mudanças ocorrem, de forma contínua, demanda que empresas e profissionais transformem as fraquezas desse novo mundo em forças para se manterem ativos no mercado. Assim funciona no mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible; em português, Fragilidade, Ansiedade, Não linearidade e Incompreensibilidade), onde a resiliência e inteligência emocional são as principais habilidades comportamentais.
O convite feito por Amy Webb na última Tech Trends (março de 2022) refere-se a “Repercepção” das coisas, porque, segundo ela, a razão pela qual muita gente não consegue ver aquilo que está disponível é o mesmo motivo pelo qual não veem as "trends emergentes", ou seja, as tendências que moldam o futuro.
Algumas coisas aparecem fora dos modelos com os quais estamos habituados e isso não significa que elas não poderão mudar o mundo. Lembre-se de questionar suas suposições sobre como os negócios funcionam, olhe as tendências com mais curiosidade ao invés de imediatamente dizer ‘não’ e, assim, novas oportunidades e novos riscos surgirão.
A repercepção é uma qualidade dos bons gestores e nos ajuda a lidar com a complexidade e a incerteza, além de explorar novos territórios.
Para trabalhar a repercepção compartilho uma ferramenta do The Future Today Institute, denominada The Axes of Uncertainty, e o convido para lidar com a vulnerabilidade e as oportunidades: Passo 1: baseie-se em fatos. Defina e registre o que é importante para você neste momento. Liste suas incertezas e medos frente ao objetivo. Pesquise e levante informações confiáveis sobre estas incertezas e medos em 4 categorias: Fatores econômicos, Fatores sociais, Fatores políticos e Fatores tecnológicos/científicos. Distribua os dados em eixos do extremo negativo ao extremo positivo. Passo 2: faça um brainstorm interno. Anote as incertezas, medos, preocupações ou inseguranças ao lado dos fatores pesquisados. Cuidado: Tendemos a prever as mudanças como melhores ou piores do que realmente são, conforme nossas experiências e informações armazenadas. Seja neutro e baseie-se em fatos. Exemplo, passos 1 e 2. Minhas incertezas: O que será do meu trabalho em um mundo em constante mudança? O que faço será substituído pela inteligência Artificial (IA)? Terei condições de pagar minhas contas e cuidar da minha família?
Passo 3: Selecione duas das suas principais incertezas e coloque as informações levantadas nos eixos opostos. Passo 4: Escreva uma definição curta para cada quadrante, cruzando os eixos. As definições devem descrever um estado futuro que considere os dados obtidos. Você pode criar quantas definições desejar. Exemplo: Passo 5: Classifique cada quadrante com:
Oportunidade de curto prazo
Oportunidade de longo prazo
Risco próximo
Risco distante
Risco existencial
Não gostamos de analisar riscos, pois nos trazem informações sobre possibilidades de insucesso, mas pense na contrapartida: Quanto mais cedo você identificar um risco e trabalhar para mitigá-lo, excluí-lo ou solucioná-lo, mais rápido você converterá o risco em oportunidade, por este motivo, num mundo de inovações, o risco não é negativo. Passo final: Se você encontrou oportunidades potenciais, faça mais pesquisas e explore a ideia profundamente. Priorize e combine as definições. Crie cenários, explore visões positivas, negativas e neutras. Você terá em mãos informações relevantes e finalmente, faça a sua escolha por qual caminho segui. Defina sua estratégia de ação de curto e longo prazo, priorize o seu objetivo e siga em frente. “Quando as visões passam a fazer sentindo, a distância entre o pensar e o agir deixa de existir.” Margareth Weatlhy.
Regina Campilongo -- Sócia fundadora da Moving Forward – Heads, professora, designer e facilitadora de programas de treinamentos comportamentais organizacionais, mentora estratégica ágil, conselheira Trends Innovation, Master IE.