13/04/2022 às 12h12min - Atualizada em 13/04/2022 às 12h12min

‘Ele tinha ciúme de Júlia’, diz bisavó de adolescente sobre padrasto preso após confessar assassinato

Familiar da adolescente falou à TV Correio que sempre desconfiou da conduta de Francisco Lopes

Portal Correio
Francisco Lopes confessou assassinato e ocultação de cadáver (Foto: Reprodução/TV Correio)
“Eu soube desde o primeiro momento, desde que ele me ligou para falar do sumiço de Júlia. Ele nunca prestou”. A declaração da bisavó da adolescente Júlia dos Anjos Brandão, de 12 anos, ocorreu após o anúncio da prisão do padrasto da menina, Francisco Lopes, nessa terça (12). Ele confessou ter matado a enteada por asfixia na madrugada da última quinta-feira (7) e jogado o corpo em um poço próximo à Praia do Sol. O cadáver encontrado no local passa por exame de DNA e sexológico.

À TV Correio, a bisavó de Júlia, dona Josefa, falou que desconfiava da conduta de Francisco. Abalada, a idosa contou que chegou a flagrar o suspeito na porta do banheiro em que a adolescente tomava banho, na tentativa de observá-la. Francisco teria disfarçado ao perceber a presença da idosa.

Ainda conforme a bisavó de Júlia, Francisco Lopes demonstrava ciúmes da enteada. “Ele estava proibindo a menina de se maquiar, de ir na minha casa. Ele tinha ciúme. Quando eu falava, diziam que eu maldava”, disse.

Dona Josefa relatou também que passou o dia com Júlia em 6 de abril, véspera do desaparecimento da menina. “Júlia contou que tinha algo estranho acontecendo na casa dela, que a chave do quarto dela tinha sumido. Ela falou que precisava me dizer uma coisa, mas não deu tempo porque ele [Francisco] chegou para buscá-la”.

Para a bisavó da adolescente, Francisco Lopes nunca foi de confiança. “Eu disse a minha neta quando ela foi me mostrar ele. Ninguém acreditou em mim”, lamentou.



Entenda o caso Júlia

Júlia dos Anjos Brandão, de 12 anos, desapareceu de um condomínio residencial no bairro de Gramame, em João Pessoa, no dia 7 de abril. Segundo familiares, Júlia tinha saído de casa somente com o celular. Os parentes da adolescente acreditavam que ela havia sido raptada ou induzida a sair de casa por algum estranho.

A principal linha de investigação apontava para uma pessoa no Instagram. O perfil em questão se apresentou à adolescente pela rede social e ofereceu serviço de marketing digital. A mensagem da suposta consultora prometia um aulão gratuito a Júlia e dizia que a adolescente poderia ganhar dinheiro com a internet. O delegado Rodolfo Santa Cruz descartou a suspeita porque a pessoa foi localizada, tem endereço, contatos ativos e está em outro estado.

De acordo com a Polícia Civil, a última pessoa que viu a adolescente em casa foi o padrasto, Francisco Lopes. Nos primeiros depoimentos, ele informou às autoridades que, a pedido da esposa, Josélia Araújo, foi até o quarto de Júlia por volta das 6h40 do dia 7 de abril para verificar se ela já havia levantado. Segundo a versão inicial do padrasto, a adolescente dormia e Francisco teria saído para trabalhar logo em seguida. A mãe de Júlia se levantou por volta das 9h e percebeu que a menina não estava em casa.

Desde então, parentes se mobilizaram nas buscas por Júlia. O pai dela, Jeferson Brandão, que mora no Paraná, veio a João Pessoa com a atual companheira e uma tia da adolescente. A mãe dela, que está grávida de dois meses, também participou da procura por Júlia. Os familiares da menina percorreram diversos bairros e áreas de mata na Capital.

O desfecho trágico da história aconteceu nessa terça-feira (12), com a confissão do padrasto. De acordo com o delegado Hector Azevedo, responsável pelas investigações, Francisco Lopes alegou que Júlia não aceitava a gravidez da mãe e temia que a adolescente fizesse algum mal contra o bebê. A confissão do padrasto ocorreu após a Polícia Civil confronta-lo sobre divergências entre o depoimento dele e outras oitivas e apurações.

Francisco Lopes deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (13).

 


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