22/09/2021 às 13h39min - Atualizada em 22/09/2021 às 13h39min

CPI: diretor da Prevent Senior nega prescrição de “kit Covid” e acusa médicos de manipularem dados

Empresa teria adotado protocolo de administrar remédios sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid com acompanhamento do governo

Metrópoles
Edilson Rodrigues/Agência Senado
A CPI da Covid-19 ouve, nesta quarta-feira (22/9), o médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior. É a segunda tentativa do colegiado em colher o depoimento do representante da empresa, que se absteve de depor na última semana. Ele afirmou que ex-médicos da empresa alteraram informações sobre acompanhamento de pacientes. Também negou relação com o suposto “gabinete paralelo” junto ao governo federal e a distribuição do “kit Covid”.

O médico afirmou que a empresa não assessorou o Executivo nas discussões sobre tratamento precoce e nem tentou descredibilizar a eficácia das vacinas contra Covid-19. “A Prevent não tem qualquer relação com qualquer gabinete. Nós fomos incentivadores e promotores da vacinação, quando ela começou”, defendeu o diretor.

O diretor-executivo negou que a Prevent tenha distribuído “kit Covid” aos pacientes da opoeradora, mesmo após exibição de vídeo em que um suposto representante da empresa negocia encaminhar os medicamentos com potencial cliente.

“Fica muito claro que este áudio está sendo utilizado sem nunca ter sido averiguado. Eram enviadas medicações prescritas pelo médico, nunca houve um kit. Foram enviadas medicações conforme prescrição médica”, disse.

Acompanhe a sessão:

Provocado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), o dirigente rechaçou ter atuado junto ao Ministério da Saúde para elaborar um protocolo de utilização do tratamento precoce.

“O Ministério da Saúde utilizou protocolos usados pela Prevent Senior para anexar dentro de suas planilhas. Não tivemos qualquer contato para desenvolvimento de qualquer protocolo junto ao Ministério da Saúde”, enfatizou.

Alteração de planilha
Antes, o diretor apontou suposta alteração de dados da empresa por ex-médicos da Prevent Senior.

“Ex-médicos da Prevent manipularam dados de uma planilha interna de acompanhamento de pacientes para tentar comprometer a operadora. Esses profissionais então, já desligados, passaram a acessar e editar o referido arquivo culminando no compartilhamento da advogada Bruna Morato em 28 de agosto”, afirmou Pedro Benedito.

Bruna Morato é a advogada que teria, supostamente, apresentado à CPI as denúncias de irregularidades nos estudos conduzidos pela operadora.

A empresa, conforme revelou o Metrópoles, teria o protocolo de administrar medicamentos – como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina – sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19 com o acompanhamento do governo federal.

O protocolo foi desenvolvido com a ajuda de pelo menos um membro do “gabinete paralelo”, que aconselhou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia.

Pedro Benedito qualifica o dossiê apresentado à CPI da Covid como “uma peça de horror”. “Produzida a partir de dados furtados de pacientes sem qualquer autorização expressa, o que configura crime e precisa ser investigados”, afirmou.

“Esses dados precisaram ser manipulados para deturpar a real conduta de mais de 3 mil médicos e, dessa maneira, pudessem ser utilizados para atacar uma empresa idônea. Acusadores nunca levaram os dados à Justiça, sempre tentaram ferir a imagem da empresa com denúncias anônimas na imprensa. E, posteriormente, buscavam contato com nosso setor jurídico para firmar acordos”, assegurou o diretor.

Coação
Além disso, a operadora de saúde é acusada de ter coagido médicos para que adotassem o protocolo de aplicar as drogas em pacientes sem o conhecimento deles ou dos familiares. A empresa também é suspeita de ter ocultado, em estudo sobre a cloroquina, o número de mortes de pessoas em tratamento contra a Covid-19.

O estudo foi apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por seus filhos, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) nas redes sociais. Os filhos 01 e 02 apagaram as publicações.

 


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